quarta-feira, 18 de março de 2015

SEM NOTÍCIAS BOAS

Cristiana Lôbo

Na reunião no Palácio da Alvorada para avaliar o momento político pós-manifestações, o ex-presidente Lula virou-se para Dilma Rousseff e disparou: "Dê uma notícia boa para o povo; só tem coisa ruim: é aumento de energia, aumento de gasolina, problema de água. Assim, ninguém aguenta". A presidente respondeu com duas frases: "Não tem dinheiro para nada. O ajuste fiscal mal começou".

A maré de notícias negativas não pára. O governo já tem pesquisas internas mostrando que a imagem da presidente foi duramente afetada nesses primeiros dias de governo. O contingente dos que aprovam o governo caiu bastante, e o dos que desaprovam teria disparado. Até aqui, as pesquisas são internas. Mas, sabe o governo, nos próximos dias, pesquisas dos institutos de pesquisa serão divulgadas. Daí, o desgaste não será segredo para ninguém. E o ministro Miguel Rossetto não poderá mais dizer que aqueles que foram às ruas no domingo são aqueles que já não votaram em Dilma. As pesquisas internas mostram que eleitores de Dilma estão desaprovando o governo.

Os governistas estão atônitos em busca de um caminho a seguir. O primeiro deles, é não deixar que a base aliada seja contaminada e que Dilma perca o controle do Congresso. Isso, até aqui aos trancos e barrancos, ela tem conseguido segurar. Mas com pesquisas desanimadoras na rua, o custo fica mais alto. Dilma já sabe e está disposta a entregar mais espaço ao PMDB, o partido que detém as presidências da Câmara e do Senado. Sabe muito bem, também, que a decisão de acolher qualquer eventual pedido de impeachment que seja apresentado é monocrática do presidente da Câmara.

Ou seja, a oposição, que já se movimenta para pedir investigações sobre a presidente, pode vir a apresentar pedido de afastamento - coisa que hoje é considerada muito remota. Mas pedidos semelhantes já foram arquivados. E, no mundo político, este tipo de pedido aparece de tempos em tempos, em qualquer governo.

A cada dia,  no entanto, uma dificuldade vai sendo agregada à vida de Dilma. A última, é o panelaço. Desde o dia 8 de Março, quando ela fez pronunciamento à Nação pelo dia Internacional de Mulher, as famílias aprenderam a bater panelas pelas janelas em protesto à fala da presidente.

Sem dinheiro para dar aumentos novos ao salário mínimo ou anunciar novas obras do PAC, a sugestão de Lula a Dilma foi a de falar mais. Mas, daqui em diante, isso terá de ser feito em entrevistas improvisadas depois de cerimônias no Palácio. Qualquer pronunciamento à Nação pode vir ao som de panelaços. E, em lugar de ajudar, só vai atrapalhar mais a já difícil situação da presidente.

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