Emerson Santiago
A política do Pão e circo (panem et circenses,
no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os
líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à
ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na
Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100
d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do
povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e
só se preocupava com o alimento e o divertimento.
Com a sua gradual expansão, o Império Romano
tornou-se um estado rico, cosmopolita, e sua capital, Roma, tornou-se o
centro de praticamente todos os acontecimentos sociais, políticos e
culturais na época de seu auge. Isso fez naturalmente com que a cidade
se expandisse, com gente vindo das mais diferentes regiões em busca de
uma vida melhor. Como acontece até hoje em qualquer parte do mundo,
pessoas humildes e de poucas condições financeiras iam se acotovelando
nas periferias de Roma, em habitações com conforto mínimo, espaço
reduzido, de pouco ou nenhum saneamento básico, e que eram exploradas em
empregos de muito trabalho braçal e pouco retorno financeiro.
Esses ingredientes, em qualquer sociedade são perfeitos para
detonarem revoltas sociais de grandes dimensões. Para evitar isso, os
imperadores optaram por uma solução paliativa, que envolvia a
distribuição de cereais, e a promoção de vários eventos para entreter e
distrair o povo dos problemas mais sérios na fundação da sociedade
romana.
Assim, nos tempos de crise, em especial no tempo do Império, as
autoridades acalmavam o povo com a a construção de enormes arenas, nas
quais realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores,
animais ferozes, corridas de bigas,
quadrigas, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de
teatro e corridas de cavalo. Outro costume dos imperadores era a
distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de Minucius. Basicamente,
estes "presentes" ao povo romano garantia que a plebe não morresse de
fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao
mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a
popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.
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