Folha de Pernambuco
Na fase de ouvidas das testemunhas de defesa dos acusados de
envolvimento na morte do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, que
ocorreu nesta quinta-feira (26), foram escutadas 18 pessoas das 32
convocadas pelos advogados. Boa parte dos depoimentos, a maioria feita
por videoconferência das cidades de Garanhuns e Arcoverde, no Interior,
serviu para tentar comprovar a idoneidade dos suspeitos e a presença
deles em outros locais que não a rodovia PE-300, local do homicídio.
A última testemunha que marcou presença na sede da Justiça Federal em
Pernambuco, no bairro do Jiquiá, na Zona Oeste do Recife, foi o cunhado
de José Maria Pedro e inventário da Fazenda Nova, Carlos Ubirajara. “Eu
não sei quem foi, só sei que esse grupo que vocês estão investigando não
foi.
Isso vocês podem chamar até o FBI e a CIA”, disse o depoente, que é
professor universitário.
Segundo ele, nunca houve conflitos entre as
famílias, e apenas lutava na justiça pelos direitos dos parentes, que
alegou serem os legítimos herdeiros dos 1,8 mil hectares de terra da
fazenda.
Ainda de acordo com Carlos Ubirajara, quando ele falou para José Maria
Pedro Rosendo sobre a decisão do leilão de que Mysheva Martins, então
noiva do promotor, foi quem arrematou a sede da fazenda, a única reação
do fazendeiro foi de surpresa. José Maria é apontado como mandante do
crime em razão da disputa de terras.
A juíza Federal Amanda Torres de Lucena Diniz preside nesta sexta-feira
(27), a partir das 10h, o último de quatro dias da audiência de
instrução, iniciada na última terça (24). Na ocasião, serão interrogados
quatro acusados do crime: José Maria Pedro Rosendo Barbosa, José Maria
Domingos Cavalcante, Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor
da Silva.
Após a ouvida, os advogados de defesa e os membros do Ministério Público
Federal (MPF) terão um momento de debate, que pode ser substituído pela
apresentação de relatos escritos de ambas as partes.
Ao final, a
magistrada terá um prazo legal de até dez dias para proferir o seu
parecer, que pode ser o de levar o crime a júri popular.
Thiago Faria Soares foi morto no dia 14 de outubro de 2013, no
quilômetro 15 da PE-300, em Itaíba, no Agreste. A noiva da vítima,
Mysheva, e do tio dela não ficaram feridos. O crime, que começou sendo
investigado pela Polícia Civil, passou para as mãos da Polícia Federal
em agosto do ano passado, a pedido do Procurador-Geral da República,
Rodrigo Janot. O inquérito foi concluído no fim de dezembro.
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