Cristiana Lôbo
A reação de Dilma
Rousseff, retratada nas recentes pesquisas eleitorais, deu ânimo novo ao
PT que quer marcar o mês de setembro como "o mês da virada". A
orientação no partido é levar a militância às ruas para, como dizem os
coordenadores da campanha, "explicar ao eleitor o que seria o governo
Marina Silva". A idéia é mostrar que o projeto econômico de Marina Silva
é semelhante ao de Aécio Neves e prevê "a mão pesada contra o
trabalhador".
Um dos alvos do discurso econômico de Marina já
virou alvo da presidente Dilma Rousseff. Ela tem criticado a proposta de
Banco Central independente, alegando que isso impediria ações de
governo por meio dos bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa
Econômica.
Os petistas estão orientando a militância a
simplificar isso e "explicar" ao eleitor que a proposta de Marina
representa, no fim das contas, "a privatização dos bancos". Ou seja, o
PT encontrou uma forma de retomar o discurso de ameaça de privatização, o
mesmo que favoreceu o partido nas últimas duas campanhas eleitorais. "O
enfraquecimento dos bancos públicos abre espaço para a privatização",
disse um dos coordenadores da campanha, exagerando na interpretação da
proposta de Marina.
A esta altura, o PT já esqueceu a presença de Aécio
Neves na disputa e mira suas baterias para Marina Silva. Agora, o
partido quer retomar as ruas, como acontecia no passado com militância
espontânea. A idéia é "intimidar" a campanha de Marina com a presença
maciça de petistas e bandeiras nas ruas. A coordenação da campanha
avalia que a postura de Dilma Rousseff nos debates até aqui e nas
entrevistas tem fortalecido o discurso interno do partido.
Essa melhora nas pesquisas reacendeu a ideia, ainda
que bastante remota, de o PT vencer a eleição no primeiro turno. O
discurso é muito mais para alimentar a militância do que realidade dos
fatos. De qualquer maneira, o discurso oficial é o de que tudo vai
depender da campanha de Aécio Neves –
se ele vai se segurar nesse patamar de 15% das intenções de votos ou se
vai desidratar. O entusiasmo no PT é grande porque se avalia que as
pesquisas mostram que há eleitores de Aécio que estão optando por Dilma e
não por Marina. Ao mesmo tempo, a avaliação do governo Dilma vem
apresentando ligeira melhora.
Já no PSB, o fato de Marina ter estagnado nas
pesquisas, não chegou a desanimar os partidários da ex-ministra, mas deu
a eles a certeza de que a campanha será dura e em dois turnos. Havia no
PSB, também, o sonho de vencer a disputa no primeiro turno. "É. uma
onda de mudança, sem dúvida", disse um dos principais assessores de
Marina. Para ele, daqui em diante "será o embate da campanha da mudança e
do sonho contra a campanha com tempo de televisão para propaganda,
dinheiro, estrutura de governo". Mesmo reconhecendo que as dificuldades
começam a aparecer, os socialistas dizem confiar na vitória.
No PSDB, a ordem é reafirmar o discurso de que
ainda falta um mês para a eleição e muita coisa pode acontecer. "Quem
falar o contrário, estará falando por conta própria", disse um político
ligado a Aécio.
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