quinta-feira, 4 de setembro de 2014

MILITÂNCIA DO PT APOSTA EM "MÊS DA VIRADA"


Cristiana Lôbo

A reação de Dilma Rousseff, retratada nas recentes pesquisas eleitorais, deu ânimo novo ao PT que quer marcar o mês de setembro como "o mês da virada". A orientação no partido é levar a militância às ruas para, como dizem os coordenadores da campanha, "explicar ao eleitor o que seria o governo Marina Silva". A idéia é mostrar que o projeto econômico de Marina Silva é semelhante ao de Aécio Neves e prevê "a mão pesada contra o trabalhador".

Um dos alvos do discurso econômico de Marina já virou alvo da presidente Dilma Rousseff. Ela tem criticado a proposta de Banco Central independente, alegando que isso impediria ações de governo por meio dos bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica.

Os petistas estão orientando a militância a simplificar isso e "explicar" ao eleitor que a proposta de Marina representa, no fim das contas, "a privatização dos bancos". Ou seja, o PT encontrou uma forma de retomar o discurso de ameaça de privatização, o mesmo que favoreceu o partido nas últimas duas campanhas eleitorais. "O enfraquecimento dos bancos públicos abre espaço para a privatização", disse um dos coordenadores da campanha, exagerando na interpretação da proposta de Marina.

A esta altura, o PT já esqueceu a presença de Aécio Neves na disputa e mira suas baterias para Marina Silva. Agora, o partido quer retomar as ruas, como acontecia no passado com militância espontânea. A idéia é "intimidar" a campanha de Marina com a presença maciça de petistas e bandeiras nas ruas. A coordenação da campanha avalia que a postura de Dilma Rousseff nos debates até aqui e nas entrevistas tem fortalecido o discurso interno do partido.

Essa melhora nas pesquisas reacendeu a ideia, ainda que bastante remota, de o PT vencer a eleição no primeiro turno. O discurso é muito mais para alimentar a militância do que realidade dos fatos. De qualquer maneira, o discurso oficial é o de que tudo vai depender da campanha de Aécio Neves se ele vai se segurar nesse patamar de 15% das intenções de votos ou se vai desidratar. O entusiasmo no PT é grande porque se avalia que as pesquisas mostram que há eleitores de Aécio que estão optando por Dilma e não por Marina. Ao mesmo tempo, a avaliação do governo Dilma vem apresentando ligeira melhora.

Já no PSB, o fato de Marina ter estagnado nas pesquisas, não chegou a desanimar os partidários da ex-ministra, mas deu a eles a certeza de que a campanha será dura e em dois turnos. Havia no PSB, também, o sonho de vencer a disputa no primeiro turno. "É. uma onda de mudança, sem dúvida", disse um dos principais assessores de Marina. Para ele, daqui em diante "será o embate da campanha da mudança e do sonho contra a campanha com tempo de televisão para propaganda, dinheiro, estrutura de governo". Mesmo reconhecendo que as dificuldades começam a aparecer, os socialistas dizem confiar na vitória.

No PSDB, a ordem é reafirmar o discurso de que ainda falta um mês para a eleição e muita coisa pode acontecer. "Quem falar o contrário, estará falando por conta própria", disse um político ligado a Aécio.

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