Jornal do Commercio
Embora a Controladoria-Geral da União (CGU) – órgão do governo
federal responsável pela defesa do patrimônio público – já tenha
disponibilizado online o relatório em que aponta superfaturamento de
itens adquiridos pelas secretarias estaduais de Educação e Ciência e
Tecnologia em contratos com a empresa Ideia Digital, o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), esquivou-se mais uma vez, ontem, de
comentar o caso. Ele usou o argumento de que aguardaria a manifestação
dos órgãos estaduais de controle sobre o assunto.
Instado a responder se o governo estava ciente das relações
familiares entre o ex-secretário das duas pastas, Anderson Gomes, e
funcionários da Ideia Digital, Eduardo Campos evitou tratar o assunto.
Afirmou apenas que determinou “desde o ano passado que os órgãos de
controle, o Tribunal de Contas do Estado e a Procuradoria” realizar a
investigação. “Quem tomou essa iniciativa fomos nós. Deixa os órgãos de
controle tomarem suas providências agora”, encerrou o governador.
Nos bastidores, a informação é de que o governador, com o estouro do
escândalo, determinou aos auxiliares que se informassem melhor sobre o
caso. Dessa investigação saiu um relatório que aponta o filho do
ex-secretário, Anderson Stevens, e dois cunhados de Anderson Gomes como
funcionários da filial da Ideia Digital no Recife. Eduardo Campos teria
chamado o auxiliar, já na assessoria especial, que confirmou as relações
de parentesco com a empresa. Dias depois, Gomes foi exonerado do
governo.
O Palácio do Campo das Princesas está adotando a estratégia de
“isolar” o caso em torno de Gomes, assim como já ocorreu no caso
Empetur, quando o deputado Silvio Costa Filho (PTB) deixou o governo, e
no escândalo da Fundarpe, quando a ex-presidente do órgão, Luciana
Azevedo (hoje no PSB), terminou exonerada e com problemas de saúde. A
intenção é evitar que o escândalo possa ser ligado diretamente a
Eduardo, causando danos à sua imagem.
Ao todo, foram firmados quatro contratos com a Ideia Digital,
totalizando R$ 77,5 milhões. Com base na análise da CGU sobre a ata de
registro de preços aplicada à Prefeitura de João Pessoa (PB), e que
serviu de referência para as contratações feitas pelo governo do Estado,
é possível verificar um superfaturamento de, ao menos, R$ 1,4 milhão.
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