Folha de Pernambuco
Pandemia. Na velocidade e volume que o zika vírus vem avançando, a
estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da OMS, é
que 4 milhões de casos da infecção sejam registrados neste ano, sendo
1,5 milhão ( 37,5%) deles no Brasil. A projeção é baseada no número de
infectados por dengue, doença transmitida pelo mesmo vetor (Aedes
aegypti), em 2015. A situação atual pode ser ainda mais grave, diante do
número de pessoas acometidas pelo zika durante curto espaço de tempo - o
primeiro caso no Brasil foi registrado na Bahia, em abril do ano
passado. Para se ter ideia da gravidade, a dengue levou dez anos para
ser considerada uma epidemia no País.
A estimativa do avanço mundial do zika foi divulgada ontem pelo diretor
de Doenças Transmissíveis e Análise de Situação de Saúde da Opas, Marcos
Espinal, em sessão da OMS sobre o vírus. Segundo Espinal, o zika deve
chegar a todos os países onde há a presença do Aedes, a maioria deles
nas américas, África e Ásia. “O zika vai onde o mosquito estiver”,
afirmou, durante encontro, em Genebra. Nos países europeus e nos EUA,
por exemplo, os casos registrados foram importados - as pessoas foram
contaminadas ao viajar para áreas endêmicas. Nesta quinta-feira (28), o
Estado de Nova Iorque notificou sete casos, três deles na Capital. Todos
os doentes estiveram em países que enfrentam epidemia do Aedes.
Hoje, 23 países das Américas já confirmam casos autóctones (adquiridos
no local). Por isso não tinha imunidade”, disse. Ao mostrar os países
onde há transmissão de dengue, o diretor afirmou: “Esse é o mesmo mapa
da zika”. O diretor destacou que não há como comparar o caso atual com o
ebola. “O zika precisa de um vetor. Se controlá-lo é possível controlar
a doença”, disse.
Alerta
Primeiro a atestar a circulação do novo vírus no Estado, o médico Carlos
Brito, que é infectologista e consultor do Ministério da Saúde para
arbovíroses (dengue, chikungunya e zika), alerta que a dispersão do
vírus é elevada. Por isso, o zika tomou essa proporção em apenas um ano.
“A taxa de ataque é o número de pessoas acometidas em um curto espaço
de tempo. Acredita-se que a do zika é cerca de 30% da população geral em
uma epidemia de três a seis meses”.
Outro ponto desfavorável, destacou, é uma possível mutação do vírus.
Para ele, provavelmente a cepa asiática sofreu alteração ao chegar ao
Brasil, ficando mais potente. Também preocupa, alertou, a falta de um
estudo de imunopatogênese que possa apontar se só se pega zika uma vez e
fica protegido da infecção.
Grávidas
Grávidas devem evitar os focos de folia neste Carnaval. A recomendação é
da coordenadora do programa estadual Mãe Coruja, Tânia Andrade Lima.
Ela acredita que o momento é delicado para as gestantes. Por isso a
atenção e os cuidados devem ser redobrados. Pernambuco tem até agora
notificados 1.373 casos suspeitos de microcefalia, sendo desses 138
confirmados e outros 110 descartados.
“Não podemos proibir, mas estamos às portas de um Carnaval diferente,
com uma tríplice epidemia, já que enfrentamos a dengue, o zika e a
chikungunya. Onde tem mosquito e muita gente para ele picar, a chance de
adoecimento aumenta”, alertou. A indicação da coordenadora do Mãe
Coruja é que a gestante que gosta da folia prefira festas em família em
casa ou cidades que tenham baixa infestação pelo mosquito. Ela destacou
que apesar de o risco ser maior no primeiro semestre da gravidez, todas
as mulheres, independentemente do tempo gestacional, devem se proteger. O
Mãe Coruja acompanhou 24,9 mil grávidas no ano passado. Dos 13,9 mil
bebês nascidos no programa, no ano passado, 159 foram considerados
suspeitos de microcefalia. Desses 128 ainda são suspeitos e 32 foram
confirmados.
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