Folha de Pernambuco
Referência para 21 municípios do Agreste de Pernambuco e responsável
pelo atendimento mensal de pelo menos três mil pessoas em sua
emergência, o Hospital Regional Dom Moura, em Garanhuns, era alvo de um
esquema criminoso que chegou a desviar R$ 267 mil dos cofres públicos.
Três ex-funcionários exonerados após a instauração de um inquérito
policial para apurar a fraude, em novembro do ano passado, e uma mulher
que continuava trabalhando na unidade de saúde foram presos ontem
durante uma operação nacional sob coordenação do Grupo Nacional de
Combate às Organizações Criminosas.
Além da ex-diretora do Dom Moura, Maria Emilia Pessoa, foram presos o
ex-diretor Financeiro, Lúcio Ferreira Duarte Neto, o porteiro Marconi
Souto Araújo, e a mulher dele, Maria Veridiana da Costa, que atualmente
trabalhava como servidora do Departamento Financeiro do hospital. Os
quatro irão cumprir na Cadeia Pública do município os mandados de prisão
temporária de cinco dias expedidos pela Justiça, prorrogáveis por mais
cinco. As duas mulheres passaram mal ao serem presas e estão
hospitalizadas no próprio Dom Moura, sob custódia da polícia. Os homens
já seguiram para a cadeia pública.
As suspeitas de irregularidades foram levantadas a partir das
informações contidas em um ofício encaminhado à Secretaria Estadual de
Saúde (SES). No documento, uma empresa alegava que um pagamento de R$ 10
mil estava em aberto, porém o valor já constava na pasta como quitado.
Ao checar a informação, a secretaria encontrou irregularidades. A partir
disso, o próprio secretário de Saúde, Antônio Carlos Figueira,
protocolou uma denúncia destinada ao secretário de Defesa Social, Wilson
Damázio.
O inquérito conduzido pela Polícia Civil constatou a prática dos crimes
de falsidade ideológica, peculato (apropriar-se de dinheiro em razão do
cargo público), inserção de dados falsos em sistema de informação da
administração pública, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e
ameaça. O documento foi encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco
(MPPE) e enviado para o Grupo de Atuação Especial de Combate às
Organizações Criminosas (Gaeco) do MPPE, que aprofundou as
investigações.
Ao verificar dados levantados, foi observado o desvio de 62 cheques que
chegariam a um valor de R$ 267 mil no total. “Eles eram emitidos pelo
setor de finanças e depositados na conta do porteiro do hospital, que
era marido da responsável pelas finanças da unidade”, detalhou o
procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Agnaldo Fenelon. As
investigações irão continuar a fim de verificar o envolvimento de outras
pessoas na fraude. “Esse tipo de crime mata e interfere diretamente na
saúde da população. O desvio de recursos de hospitais pode chegar a
levar alguém à morte por falta de assistência médica. O Ministério
Público não tem outra alternativa a não ser pedir a prisão dessas
pessoas”, salientou.
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