Correio Braziliense
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu devolver
ao Tesouro Nacional o dinheiro gasto com o voo que fez de Brasília para o
Recife em um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB), na última
quarta-feira. Na capital pernambucana, o parlamentar fez um implante
capilar e se submeteu a uma cirurgia de correção das pálpebras.
Consultada por Calheiros se a viagem foi regular, a FAB preferiu não
emitir juízo de valor sobre o tema. Em nota, o órgão informou que não
faz julgamentos sobre a justificativa das viagens, em resposta ao ofício
encaminhado pela Presidência do Senado, “que solicita esclarecimento
sobre eventual impropriedade na requisição de aeronave”.
Apesar da
resposta evasiva da FAB, a assessoria de imprensa do presidente do
Senado informou que o valor a ser devolvido ainda será calculado. A
Aeronáutica limitou-se a dizer que “observa fielmente o disposto no
Decreto nº 4.244, de 22 de maio de 2002, abstraídas questões de mérito
relacionadas ao motivo da viagem o qual, embora declarado na
solicitação, foge à alçada deste Comando julgar”. O decreto diz que as
solicitações de transporte de autoridades ao comando da Arma devem ser
atendidas apenas por motivo de segurança ou emergência médica, em
viagens a serviço e em deslocamentos ao local de residência permanente.
Cabeleira
A
viagem de Calheiros a Pernambuco para se submeter a uma cirurgia de
implante de 10 mil fios de cabelo, revelada pelo jornal Folha de
S.Paulo, não se enquadra em nenhuma das situações previstas no decreto.
Ele informou à FAB que se tratava de uma viagem de “serviço”, mesmo sem
agenda de trabalho definida. Em junho deste ano, ele já havia usado uma
aeronave da FAB para assuntos particulares e teve de reembolsar a União
em R$ 32 mil, após a péssima repercussão do episódio. Na ocasião, ele
foi ao casamento da filha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em
Trancoso, no litoral da Bahia.
Ontem, em cadeia de tevê e rádio,
Renan fez o segundo pronunciamento deste ano como presidente do Senado.
Ele fez um balanço de projetos aprovados no Congresso em 2013, como o
fim dos 14º e 15º salários, o voto aberto para cassação de mandatos e
vetos presidenciais, e a concessão de novos direitos trabalhistas para
os empregados domésticos. Embora tenha falado em nome de todo o
parlamento, boa parte das propostas citadas por ele como resposta às
manifestações de junho ainda não viraram lei porque falta a votação na
Câmara. Estão nessa lista projetos como o que torna a corrupção crime
hediondo, o que impõe perda automática de mandato para quem for
condenado, a exigência de ficha limpa para servidores públicos e o do
orçamento impositivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário