Diário de Pernambuco
Os médicos pernambucanos das redes pública e particular vão parar as
atividades nos dias 23, 30 e 31 deste mês. Serão mantidos somente os
atendimentos de urgência e emergência. Serviços como ambulatório,
cirurgias agendadas e Programa de Saúde da Família ficarão suspensos.
A
paralisação integra o movimento nacional da categoria contra a falta de
condições de trabalho e as ações recentes do governo federal na área da
saúde, sobretudo, a Medida Provisória (MP) nº 621, que permite a
contratação de médicos estrangeiros sem o Revalida, o exame de validação
do diploma. A estratégia da categoria é desgastar o governo com
paralisações de 24 horas para que a opinião pública não fique contra os
médicos e minimizar os transtornos à população.
Além da
importação de profissionais, a MP nº 621 tem causado polêmica, entre
outros pontos, porque determina que os estudantes que ingressarem no
curso de Medicina a partir de janeiro de 2015, ao se formarem, deverão
trabalhar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Na
assembleia geral promovida, ontem (15), pelos médicos
pernambucanos, quando mais de 300 profissionais estiveram reunidos na
Associação Médica do Estado, o presidente do Conselho Federal de
Medicina, Roberto d'Ávila, foi categórico: "trazer médico estrangeiro
sem revalidar o diploma é passar por cima da autonomia universitária.
Essa MP tem inúmeras inconstitucionalidades".
De acordo com
d'Ávila, os médicos não se negam a trabalhar nos locais mais afastados.
Mas falta condições de trabalho e uma carreira de Estado que estimule os
profissionais. Também foram votadas outras formas de protesto contra as
ações do Governo Federal. Uma delas é a instituição de um grupo de
trabalho, até o final da semana, para construir um canal de denúncia da
falta de estrutura das unidades de saúde.
A categoria conta com o
apoio da Ordem dos Advogados do Brasil. O presidente da Comissão de
Saúde da OAB-PE Eduardo Dantas, participou da assembleia. "Estamos
auxiliando as entidades médicas a entenderem o sistema jurídico dessas
medidas adotadas pelo Governo e questionar a constitucionalidade".
Presidente
do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Mário Jorge Lobo destacou que a
paralisação é para mostrar que "o Governo não discute a real situação
do SUS. Também foi aprovado uma carta aberta à população para informar o
que acontece com a categoria".
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