quarta-feira, 10 de abril de 2013
APÓS LEI SECA, NÚMERO DOS QUE DIRIGEM APÓS BEBER CAI 21%
Um estudo publicado nesta quarta-feira (10) em São Paulo mostra que o consumo frequente de álcool tem se tornado cada vez mais comum entre os brasileiros. Segundo a pesquisa, a proporção de pessoas que bebem ao menos uma vez por semana – os chamados "bebedores frequentes" – aumentou 20% ao longo dos seis anos.
Beber e dirigir
As políticas de Lei Seca no trânsito têm dado resultado, indicam os dados do Lenad. Em seis anos, houve uma queda proporcional de 21% entre os que admitem ingerir bebida alcoólica e dirigir - eram 27,5% dos entrevistados em 2006 e agora são 21,6%.
A queda foi mais acentuada entre os homens (19%, entre 2006 e 2012), mas eles seguem como maioria entre os que infringem a lei. Em 2012, 27,3% dos entrevistados afirmaram ter dirigido depois de beber, contra 7,1% das entrevistadas.
Região 'campeã'
O Nordeste foi a região com redução mais acentuada na ingestão de bebida ao volante. Houve queda proporcional de 43% entre os que admitiam dirigir após beber. Em 2006, 39% dos entrevistados na região diziam infringir a Lei Seca, contra 22% dos indivíduos em 2012.
Já no Sudeste, segunda região com maior queda proporcional, a redução foi de 25% no mesmo intervalo de tempo. Em 2006, 24% dos entrevistados na região diziam dirigir após beber, contra 18% dos entrevistados em 2012.
Para Laranjeira, a única medida com fiscalização efetiva contra o consumo de álcool é a Lei Seca. "O mercado do álcool permanece intocado. Precisa mexer nas políticas [públicas]", ponderou.
Beber muito e rápido
Um dos tipos mais preocupantes para o médico, o chamado "beber em binge" ou beber muitas doses rapidamente - que acontece nos "esquentas" para festas, por exemplo, de acordo com os pesquisadores - cresceu 31,1% proporcionalmente, em seis anos. Em 2006, 45% da população de bebedores admitiam ter este comportamento, índice que passou para 59% em 2012.
O aumento novamente foi maior entre as mulheres - 36% das que diziam ingerir álcool tinham esta prática nociva de beber em 2006, contra 49% na última medição do Lenad, em 2012. Proporcionalmente, a elevação foi de 36%, segundo a Unifesp. "É o abuso que acontece em festas, por exemplo", definiu Laranjeira.
Álcool e violência
Segundo o Lenad, quase um terço (27%) dos homens com menos de 30 anos que bebem já se envolveram em brigas com agressão. O número é alto em comparação com os indivíduos na mesma faixa etária que não ingerem álcool - só 6% estiveram em brigas, em 2012.
A posse de arma de fogo e o ato de andar armado também sobem quando a análise inclui homens com menos de 30 anos que bebem, informa o estudo. Entre os indivíduos que não ingerem álcool, só 5% admitiram usar arma. Já entre os que têm menos de 30 anos e bebem, 10,3% andam armados.
De acordo com os pesquisadores, em 50% dos casos de violência doméstica (3,4 milhões de pessoas) registrados em 2012 houve ingestão de álcool por parte do agressor, o que sugere uma relação entre a agressão em casa e a bebida.
"Estamos despreparados para atender pessoas que querem parar de beber", ressaltou Laranjeira, referindo-se às políticas públicas do Brasil. "A gente combate a violência doméstica, mas o álcool como origem destes casos, não."
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