Agência Estado
Em reunião com dirigentes de cinco centrais sindicais nesta
quarta-feira (26), a presidente Dilma Rousseff disse que "não existe
tarifa zero" para transporte coletivo e detalhou o pacote de medidas
para conter a onda de protestos no País. "O meu governo vai disputar a
voz das ruas", afirmou Dilma, segundo relato de sindicalistas que
participaram do encontro. A presidente, porém, não conseguiu convencer
os sindicalistas a suspender a greve geral marcada para 11 de julho e
muitos deles deixaram o Palácio do Planalto sem esconder a irritação com
o que chamaram de "falta de propostas".
Dilma pediu apoio aos dirigentes das centrais ao plebiscito popular para
votar a reforma política. Para ela, é "primordial" que as mudanças já
estejam em vigor na eleição de 2014, quando disputará o segundo mandato.
Ela defende, por exemplo, o financiamento público de campanha, sob o
argumento de que essa é a melhor forma de coibir o abuso do poder
econômico.
"A corrupção é um crime hediondo", disse Dilma, ao lembrar um dos pontos
do pacto lançado pelo Planalto em resposta à onda de protestos. Em
2005, o PT foi alvejado pelo escândalo do mensalão e hoje os petistas
condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aguardam o julgamento dos
recursos, na tentativa de diminuir suas penas.
Tarifa zero
A presidente afirmou respeitar as manifestações de protesto, mas admitiu
temer a ação de grupos com outros interesses que não o de um movimento
pacífico. Ao mencionar a redução do preço das passagens de ônibus, metrô
e trens metropolitanos nas principais capitais, Dilma disse que o
governo já retirou impostos federais para permitir esse desconto. "Mas
não existe tarifa zero: ou se paga a passagem ou se paga imposto",
insistiu a presidente, de acordo com relato de sindicalistas presentes
ao encontro.
"Foi mais uma reunião para ouvir os planos mirabolantes da presidente.
Saímos daqui como sempre saímos: sem encaminhamento de nenhuma das
nossas reivindicações", criticou o deputado Paulo Pereira da Silva
(PDT-SP), presidente da Força Sindical. "Quero aqui lamentar o
comportamento da senhora Dilma."
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas,
tentou amenizar o clima tenso após o encontro. "Essa reunião não foi
chamada para tratar de nossa pauta, mas, sim, das manifestações nas
ruas", disse Freitas. "É verdade que a pauta está travada e o governo
precisa ter agilidade para resolver a situação. Se não negociar, faremos
o que sempre fizemos, tanto que já temos greve marcada para 11 de
julho."
Reivindicações
Na pauta do movimento sindical estão reivindicações como redução da
jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário,
destinação de 10% do PIB para a saúde e suspensão do projeto de lei
4.330, que regulamenta a terceirização.
"O que a presidente está tentando é engabelar o povo com essa história
de plebiscito", atacou José Maria de Almeida, presidente do PSTU e
coordenador da CSP-Conlutas. "Enquanto ela tentar controlar a inflação
com ajuste fiscal e mantiver esse modelo econômico, não tem solução."
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