Sérgio Nogueira
VOCÊ SABE…
…se existe algum problema no fato de um político proferir uma breve alocução?
A princípio, só vejo um problema: por definição, toda alocução é
breve. Em “breve alocução” temos o mesmo problema de “resumo sucinto”: a
redundância. Basta, portanto, o político proferir uma alocução.
Redundância é sempre um assunto que atrai os nossos leitores.
Graças à sua contribuição, aí vai uma nova lista com exemplos variados:
Pergunta de repórter: “Como será seu futuro daqui pra frente?” Eu
também gostaria de saber como será o seu futuro daqui para trás…
Lamento do povo: “A crise de energia atrapalhou as festas juninas de
junho.” Sugiro que as festas juninas passem para outubro e que a
Oktoberfest vá para junho do ano que vem…
Disse o alto executivo: “Como estava previsto anteriormente…”
Fácil é prever posteriormente. Prever é “ver antes”. Bastaria dizer: “Como estava previsto…”
Diz o ditado popular: “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Tenho certeza
de que também ajudaria quem madruga. Afinal, nunca vi alguém “madrugar
tarde”.
Afirmou o chefe: “Receber o salário dobrado é mais vantajoso”. “Menos
vantajoso” é que não pode ser. Se realmente é vantajoso, o “mais” é
dispensável: “Receber o salário dobrado é vantajoso.”
Euforia do narrador esportivo: “O estádio está totalmente lotado.”
Ainda estou para ver um estádio “parcialmente lotado”. Quero saber qual é
a diferença entre um estádio lotado e outro totalmente lotado? Só pode
ser o entusiasmo no narrador…
De um outro narrador: “O zagueiro deu a bola de graça para o atacante
adversário.” Se não fosse de graça, não tinha dado. Quem dá só pode ser
de graça. Isso me faz lembrar aquelas propagandas que oferecem: “Ganhe
grátis”, ou pior, “Ganhe inteiramente grátis”.
Revelou o diretor do presídio: “O que eles querem são celas
individuais para cada um”. Pelo visto, o tal diretor só está oferecendo
celas “individuais” para 50 presos…
Garantiu o repórter político: “Ele foi ex-ministro.” Por favor, salvem o repórter: ou “ele foi ministro” ou “ele é ex-ministro”.
Reclamava o empresário: “A estatal detém o monopólio exclusivo.” O
tal empresário realmente está indignado, pois exagerou um pouco: se
monopólio já é algo condenável na economia de mercado, que dizer de um
“monopólio exclusivo”? É bom não esquecer que todo monopólio só pode ser
exclusivo, pois “mono” significa “um”.
Por hoje, é só. Perdoem-me por não ter criado “novos” exemplos. Afinal, ninguém consegue criar “velhos” exemplos…
DICA
Formação do plural – Parte 1
Plural das palavras terminadas em “ÃO”
1.A maioria muda a terminação “ão” em “ÕES”: anfitriões, balões,
botões, espiões, feijões, gaviões, limões, mamões, melões, zangões…
Neste grupo incluem-se todos os aumentativos: casarões, chapelões, dramalhões, facões, narigões, paredões, pobretões, vozeirões…
2. Um pequeno número de palavras muda “ão” em “ÃES”: afegães,
alemães, cães, capelães, capitães, catalães, pães, sacristães, tabeliães…
3. Um pequeno número de palavras acrescenta um “s” (=ÃOS):
cidadãos, cortesãos, cristãos, grãos, irmãos, mãos, pagãos, vãos…
Neste grupo incluem-se todas as palavras paroxítonas: acórdãos, bênçãos, órfãos, órgãos, sótãos…
Muitas palavras admitem duas ou até três formas de plural: alazães ou
alazões; aldeãos, aldeães ou aldeões; anãos ou anões; anciãos, anciães
ou anciões; artesãos (=artífice) ou artesões (=adorno arquitetônico);
charlatães ou charlatões; cirurgiães ou cirurgiões; corrimãos ou
corrimões; ermitãos, ermitães ou ermitões; faisães ou faisões; guardiães
ou guardiões; refrãos ou refrães; sacristãos ou sacristães; sultãos,
sultães ou sultões; verãos ou verões; vilãos, vilães ou vilões; vulcãos
ou vulcões.
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