Joseph Blatter - Presidente da FIFA |
Cosme Rímoli
Belo Horizonte...
Se Joseph Blatter cumprir a palavra estará amanhã em Minas Gerais.
Acompanhará Brasil e Uruguai pelas semifinais da Copa das Confederações.
Um comitê de boas-vindas está sendo articulado para recebê-lo.
Mais de cem mil pessoas são esperadas em um protesto gigantesco.
O cálculo é da própria Polícia Militar da capital mineira.
O Ministério Público de Minas Gerais chegou à utopia.
Pediu ao governador Antonio Anastasia o cancelamento do jogo.
A alegação é que não haveria condições de proteger a população.
Diante da certeza dos conflitos amanhã.
Lógico que o pedido nem foi levado em consideração.
Os rastros do último protesto, no sábado, estão na cidade toda.
Tapumes de madeira cobrem as fachadas de bancos e concessionárias.
Ocupam o lugar do que foram grandes vidraças.
Foram arrebentadas a pedradas por vândalos.
Os proprietários resolveram não colocar novos vidros.
Porque há a certeza de que seriam quebrados novamente amanhã.
Faróis e radares foram arrebentados.
Carros cercados, apedrejados.
Inclusive da Fifa.
O prejuízo só do patrimônio público passou de R$ 1,6 milhões.
Só vão tomar providências quando acabar a Copa das Confederações.
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, comprou a briga.
E avisa que pediu à Polícia Militar 'tolerância zero' com o vandalismo.
"Eu espero que na próxima manifestação a PM prenda mais.
No sábado prendeu muito pouca gente."
Foram 32 pessoas detidas.
A estratégia dos manifestantes amanhã promete ser a mesma.
Se reunir na praça Sete, no centro de Belo Horizonte.
E ir andando até o Mineirão.
Protestando contra o custo de R$ 30 bilhões da Copa no país.
A Polícia Militar da cidade já avisou que eles não chegarão.
Barreiras serão espalhadas pelo caminho.
A tensão é grande porque as vias de acesso ao Mineirão são poucas.
E 70 mil pessoas irão assistir Brasil e Uruguai.
Os manifestantes querem se misturar com os torcedores.
Pela Internet eles estão sendo convocados.
O apelo é forte.
A partida de amanhã será a última da Copa das Confederações em Minas.
Portanto buscam um protesto marcante.
Maior do que o da semana passada, com 70 mil pessoas.
A meta é colocar cem mil nas ruas da cidade.
No último conflito eles levaram rojões, pedras e bolas de gude para enfrentar a PM.
Já há o pedido das autoridades para os torcedores irem cedo ao estádio.
Outra vez há a dificuldade do feriado.
Como as obras de acesso não foram feitas, nos dias de jogos ninguém trabalha.
Ou estuda.
Isso facilita demais a mobilização.
O facebook está sendo o grande instrumento para articular as ações.
Há duas principais páginas dos manifestantes.
A primeira é Vem para a rua BH.
A outra, 5º Grande Ato, Assembleia BH.
Entre várias ações propostas há a mais ousada.
Deter o ônibus da Seleção Brasileira de ir ao jogo.
Seria a desmoralização da Copa das Federações.
Para evitar isso, a PM mineira tem reforços.
O Exército e a homens da Força Especial.
Além da ação do Batalhão de Choque.
As delegações do Uruguai e do Brasil terão segurança aumentada.
Assim como a comitiva da Fifa.
Há a determinação que os carros da entidade tirem seus adesivos.
Identificados, viram alvos prioritários dos vândalos.
Se vier mesmo a Belo Horizonte, Joseph Blatter terá proteção especial.
Como ele nunca acreditou que precisaria no 'pacífico' Brasil.
"Nós (da Fifa) não estamos aqui só para encher os bolsos.
E sair do País."
As frases de efeito foi do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
Ele sabe muito bem que o lucro da entidade com a Copa chocou.
A entidade assumiu que ganhará R$ 5 bilhões se o Mundial for feito no País.
Sim, porque há dúvidas.
Além das seleções, os membros da Fifa são muito protegidos pela PM e Exército.
O medo das autoridades brasileiras é grande nestes últimos jogos do torneio.
Sabem que a Fifa virou um dos alvos principais dos manifestantes.
Há o medo que algo aconteça e tenha repercussão internacional.
A volta de Blatter ao país tem um sentido simbólico.
Na Turquia, o presidente da Fifa passava a mensagem que não se sentia seguro por aqui.
Sua volta representa a confiança da entidade no Brasil.
Aqui em Belo Horizonte não se fala em outra coisa.
A não ser nos confrontos que deverão acontecer amanhã.
O comandante da PM da cidade, Márcio Santan'a avisa.
"Não tenho dúvida de que teremos um embate muito mais acalorado.
Com ações muito mais contundentes por parte dos infratores.
Com certeza teremos outros problemas.
Principalmente no ponto nevrálgico, no acesso ao estádio."
A PM mineira impediu que Blatter participasse de um evento amanhã antes do jogo.
Estava tudo marcado há meses.
Ele deveria participar do evento Football for Hope.
Na prefeitura de Belo Horizonte, às 11 horas.
Só que o prédio fica perto demais da praça Sete.
Havia a certeza de que os manifestantes tentariam invadir a prefeitura.
Blatter acatou a recomendação.
E a Fifa divulgou que ele não estará por compromissos imprevisíveis.
O clima de tranquilidade que se tenta passar para o resto do país não acontece.
Em Belo Horizonte estão todos em estado de alerta.
Os manifestantes se articulam.
A Polícia Militar, o Exército e soldados da Força Especial traçam planos.
No meio de tudo isso, setenta mil pessoas que irão ao Mineirão.
A tensão é imensa na cidade.
A promessa dos manifestantes é reunir cem mil pessoas.
Já preparadas para o confronto.
Fazer algo que marcará a história de Belo Horizonte.
Enquanto tudo isso acontece aqui em Minas, notícias chegam do Rio.
Manifestantes prometem colocar um milhão de pessoas na rua no domingo.
Para protestar e, se possível, impedir a final da Copa das Confederações.
Os membros da Fifa jamais poderiam sonhar com tudo o que está acontecendo.
Nem mesmo as autoridades brasileiras.
A população do país descobriu no futebol a chance de ser ouvida.
O descaso com os gastos na Copa é absurdo.
Mas não é nada comparado com o que acontece na Saúde, Educação, Segurança.
Só que os holofotes divulgam a revolta muito mais rápido.
Por isso estas últimas partidas da Copa da Confederação viram de alto risco.
Principalmente a de amanhã em Belo Horizonte.
E a final no Rio de Janeiro.
"O Brasil pediu essa Copa do Mundo.
Nós não impusemos ao Brasil.
Todos sabiam.
Para ter uma boa Copa naturalmente teriam que construir estádios."
Blatter se explica.
Mas quem aceitou os custos foram as autoridades brasileiras.
A população não foi consultada.
Agora está dando o seu ponto de vista sobre os R$ 30 bilhões gastos.
Se Blatter vier para o jogo saberá a resposta de parte da população.
E descobrirá um lado do Brasil que o próprio Brasil desconhecia...
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