Folha de Pernambuco
Depois de quase um ano de espera da Justiça, ficaram prontos os laudos
de sanidade mental do trio que ficou conhecido nacionalmente como os “os
canibais de Garanhuns”. O documento, solicitado pelo Judiciário,
indicou que Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, de 50 anos, a esposa
Isabel Cristina Pires da Silveira, 51, e a amante dele, Bruna Oliveira
Cristina da Silva, 25, tinham pleno gozo das faculdades mentais quando
mataram, esquartejaram e comeram três mulheres. A informação foi
confirmada nesta segunda-feira (26), pela assessoria de comunicação do
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
O parecer psiquiátrico chegou ao Fórum de Olinda - onde corre um dos
processos - na última sexta-feira. Agora é a Comarca de Garanhuns, no
Agreste, que espera o laudo. Na cidade do interior aconteceram as outras
duas mortes. A expectativa é que como fimdo incidente de insanidade
seja marcado o julgamento dos réus que estão presos desde abril de 2012.
A avaliação dos três foi coordenada pelo Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico (HCTP), em Itamaracá.
Segundo o diretor da unidade, Bartolomeu Miranda, o parecer final foi
fechado pelo médico Lamartine Hollanda. Miranda preferiu não detalhar o
conteúdo do documento. Procurado pela reportagem o psiquiatra Hollanda
não foi encontrado para comentar o parecer. Antes dele, a avaliação do
trio passou, primeiro, pelas mãos de outro especialista: o psiquiatra
forense Feliciano Abdon, o mesmo que realizou os exames mentais em Delma
Freire - mentora do assassinato da turista alemã Jennifer Kloker- e
apontou que o álibe de insanidade da suspeita era falso. Abdon ficou no
caso dos criminosos de Garanhuns até o inicio de 2013, quando por
motivos pessoais pediu o afastamento. Antes disso, ele já havia
solicitado eletroencefalogramas digitais, ressonânciasmagnéticas e
aplicações de testes de Rorschach - que consiste em uma avaliação de
personalidade - no trio.
“É um caso muito complexo porque foram três crimes e três pessoas, por
isso resultou em nove laudos. O mais importante era identificar o grau
de imputabilidade de cada um”, comentou. Abdon declinou emavaliar o
parecer do colega, mas revelou que desde o começou colocou em suspeição o
fato de os três alegarem sofrer de esquizofrenia para justificar os
crimes. “O Jorge já era tratado no Centro de Atendimento Psicossocial
(Caps), mas ao examiná lo pela primeira vez já fiquei desconfiado”,
comentou. Diante da conclusão do diagnostico psiquiátrico o Ministério
Público e Defensoria Pública devem se pronunciar assim que receberem o
laudo. Jorge Beltrão está detido no Complexo do Curado, já Bruna e
Isabel estão na Colônia Feminina de Buíque.
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