Jornal do Commercio
A Polícia Civil recebeu ontem (7) os cadastros dos 210 mil
investidores da Priples. A lista é importante para averiguar várias
suspeitas, uma das principais a de que a empresa usa “laranjas” não só
para ocultar patrimônio, mas para esconder o real mentor do negócio. Se
confirmada, significaria dizer que o jovem casal Henrique Maciel Carmo
Lima, 26 anos, e sua esposa Mirele Pacheco de Freitas, 22 anos,
respectivamente o dono da Priples e sua sócia, mandam na empresa só no
papel. O real mentor seria o “divulgador zero” da rede, um desconhecido
milionário, hoje misturado entre milhares de divulgadores da Priples.
Delegado responsável pelo caso, Carlos Couto afirma que não pode
detalhar muito as próximas ações para não atrapalhar a investigação. Mas
adianta. “Devemos abrir inquérito para apurar a responsabilidade de
quem estava no topo da pirâmide, lucrou realmente muito e contribuiu
para atrair mais pessoas para a rede”, diz Couto. O crime seria o mesmo
da Priples, crime contra a economia popular.
A importância do “divulgador zero” da rede partiu do Ministério
Público do Acre, no caso Telexfree – a suspeita é de que o mentor da
empresa seria Sanderley Rodrigues, implicado em outras supostas
pirâmides.
Em entrevista ao JC publicada no último domingo, o diretor e sócio da empresa, Carlos Costa, nega enfaticamente a hipótese: Sanderley seria só mais um divulgador.
O que chama a atenção no caso Priples é a repentina guinada. O
negócio que em quatro meses girou R$ 107 milhões, dos quais R$ 72
milhões bloqueados pela Justiça, há dez meses era uma endividada
microempresa.
Apesar do saldo bancário gigantesco e carros de luxo
como duas Range Rovers e um Camaro apreendidos pela polícia, até o
início deste ano a Priples não existia: seu CNPJ era de uma locadora de
veículos. Aberta em 2007 com o nome Evolution, depois trocado para
Forteloc. Em 14 de setembro de 2012, a locadora ia tão mal que foi
executada na Justiça pela Prefeitura do Recife por dívidas fiscais.
Em abril passado, como por mágica, Henrique e a jovem esposa, sem
autorização de órgãos do sistema financeiro e logo após a crítica falta
de dinheiro, mudaram a empresa para Priples, que prometia retorno de 60%
ao mês em troca de taxa de adesão de R$ 100 a R$ 10 mil. Quem levasse
mais gente para a rede lucrava mais, o início da meteórica expansão
interrompida com a prisão do casal e a suspensão da empresa, há cinco
dias. Falta descobrir quem foi o primeiro convocado, o "divulgador
zero".
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