terça-feira, 22 de outubro de 2013

ESPOSA DIZ QUE ESTAVA COM SUPOSTO MANDANTE NA HORA DO CRIME

Diário de Pernambuco
 
Após quase quatro horas de depoimento, a esposa do principal suspeito de ter articulado a execução do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, na última segunda-feira (14), deixou a Delegacia de Águas Belas, no Agreste do estado, repetindo que o marido e o irmão são inocentes. No início desta noite, outra testemunha começou a ser ouvida e ainda há um quarto e último depoimento para as próximas horas.

Jandira Cruz Ubirajara, de 52 anos, é esposa do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo, que continua foragido, e irmã do único suspeito de envolvimento no caso preso, até a noite desta segunda, Edmacy Cruz Ubirajara. Segundo a polícia, José Maria seria o mandante do crime executado por Edmacy Cruz e um terceiro suspeito ainda não identificado.
 
A mulher garantiu que passou a manhã da segunda-feira com o esposo e tinha como provar que ele não tem participação com o assassinato. "Meu marido e meu irmão são inocentes. Eles não fizeram nada", desabafou sem dar maiores detalhes sobre as supostas provas de inocência. Jandira Cruz chegou na delegacia acompanhada por familiares por volta das 15h40.

Outras testemunhas prestam depoimento aos delegados Rômulo Holanda, responsável pelo inquérito, e Salustiano Albuquerque, diretor do núcleo de polícia do interior 1 (correspondente ao Agreste e Zonas da Mata), nesta noite. Uma mulher que estaria na rodovia no momento do assassinato e pode ter visto o modelo exato do carro dos executores e quantas pessoas estariam no veículo. Além dela, o último depoimento do dia será de um homem que passou pelo local com uma van e teria prestado socorro a noiva da vítima, a advogada Mysheva Ferrão Martins, de 30 anos.

A identidade dos dois foi preservada, mas, em conversa com a imprensa, a mulher disse que mora próximo ao local do crime e chegou a pegar a bicicleta para ver o que estava acontecendo, mas não foi para perto. Disse não poder ajudar a polícia. Ela e o motorista da van foram flagrados e identificados por câmeras de segurança instaladas perto do local da investida.

Pela manhã, o ex-noivo da advogada Mysheva Martins também prestou depoimento. Clécio Oliveira entrou no prédio acompanhado pela família e por um advogado.

Entenda o caso
 
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.

Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.

Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.

Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.

Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.
 

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