Diário de Pernambuco
Após quase quatro horas de depoimento, a esposa do principal
suspeito de ter articulado a execução do promotor de Justiça Thiago
Faria Soares, de 36 anos, na última segunda-feira (14), deixou a
Delegacia de Águas Belas, no Agreste do estado, repetindo que o marido e
o irmão são inocentes. No início desta noite, outra testemunha começou a
ser ouvida e ainda há um quarto e último depoimento para as próximas
horas.
Jandira Cruz Ubirajara, de 52 anos, é
esposa do fazendeiro José Maria Pedro Rosendo, que continua foragido, e
irmã do único suspeito de envolvimento no caso preso, até a noite desta
segunda, Edmacy Cruz Ubirajara. Segundo a polícia, José Maria seria o
mandante do crime executado por Edmacy Cruz e um terceiro suspeito ainda
não identificado.
A mulher garantiu que passou a manhã da segunda-feira com o esposo e
tinha como provar que ele não tem participação com o assassinato. "Meu
marido e meu irmão são inocentes. Eles não fizeram nada", desabafou sem
dar maiores detalhes sobre as supostas provas de inocência. Jandira Cruz
chegou na delegacia acompanhada por familiares por volta das 15h40.
Outras
testemunhas prestam depoimento aos delegados Rômulo Holanda,
responsável pelo inquérito, e Salustiano Albuquerque, diretor do núcleo
de polícia do interior 1 (correspondente ao Agreste e Zonas da Mata),
nesta noite. Uma mulher que estaria na rodovia no momento do assassinato
e pode ter visto o modelo exato do carro dos executores e quantas
pessoas estariam no veículo. Além dela, o último depoimento do dia será
de um homem que passou pelo local com uma van e teria prestado socorro a
noiva da vítima, a advogada Mysheva Ferrão Martins, de 30 anos.
A identidade dos dois foi preservada, mas, em conversa com a imprensa, a mulher disse que mora próximo ao local do crime e chegou a pegar a bicicleta para ver o que estava acontecendo, mas não foi para perto. Disse não poder ajudar a polícia. Ela e o motorista da van foram flagrados e identificados por câmeras de segurança instaladas perto do local da investida.
A identidade dos dois foi preservada, mas, em conversa com a imprensa, a mulher disse que mora próximo ao local do crime e chegou a pegar a bicicleta para ver o que estava acontecendo, mas não foi para perto. Disse não poder ajudar a polícia. Ela e o motorista da van foram flagrados e identificados por câmeras de segurança instaladas perto do local da investida.
Pela manhã, o ex-noivo da
advogada Mysheva Martins também prestou depoimento. Clécio Oliveira
entrou no prédio acompanhado pela família e por um advogado.
Entenda o caso
Thiago
Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro
tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da
PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no
veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando
um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros
disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no
rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.
Segundo
a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A
Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água
mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida
em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo
nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela
propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a
deixar a área.
Thiago Faria assumiu o cargo de
promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra.
Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores
Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da
esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros,
incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por
Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça,
mas perdeu a causa.
Em junho deste ano, foi
obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da
advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com
as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva,
Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda
segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José
Maria por crime ambiental na fazenda.
Antes de
morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério
Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O
promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção
na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele
alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva.
Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.
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