A morte de uma égua de 11 anos em Pesqueira, no Agreste, acendeu a luz
amarela dos criadores de mamíferos do Estado. O animal sacrificado, no
mês passado, foi vítima de uma enfermidade conhecida como doença do
mormo. A moléstia infecto-contagiosa que acomete, principalmente,
equídeos é provocada pela ação da bactéria Burkholderia Mallei. Ela
também pode atacar outros animais como cachorro, gato, bode e até os
seres humanos. Por não ter vacina e nem tratamento, a recomendação
médica veterinária é o sacrifício. O registro de casos prejudica o
Estado e deixa mais longe a meta de voltar a ser um exportador de
cavalos.
Dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco
(Adagro) revelam que, no ano passado, foram 12 casos de animais
infectados com a doença de mormo. Este ano, dois cavalos, um em Vitória
de Santo Antão e outro em Pombos, estão sob suspeita. Atualmente no
Brasil, Alagoas, Ceará, Piauí, Rio de Janeiro, Paraíba, Maranhão,
Sergipe, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Acre e Amazonas
também já registraram casos de infecção nestes três primeiros meses.
“São áreas de clima úmido e com altos índices pluviométricos, o que
favorece o aparecimento e fortalecimento da bactéria. No nosso caso, boa
parte dos cavalos doentes está entre aqueles que trabalham de oito a
dez horas por dia e mal se alimentam. Fracos não conseguem resistir ao
micro-organismo”, explicou o coordenador estadual do Programa de
Sanidade dos Equídeos, Marcelo Brasil.
A transmissão da doença de mormo se dá através do contato com secreções
ou fluidos dos animais doentes, como pús, urina, secreção nasal e fezes.
A bactéria pode penetrar no organismo pelas vias digestiva,
respiratória, genital ou cutânea, se tiver alguma lesão, caindo na
circulação sanguínea e indo se alojar em alguns órgãos, em especial, nos
pulmões e fígado. “Quando indentificamos um cavalo doente, o isolamos
de todos os outros animais. Todos que tiveram contato passam por exames
de sangue. Os que apresentarem resultados positivos são sacrificados”,
contou Brasil.
PREVENÇÃO
Para evitar a proliferação de casos, o Estado tem intensificado as ações
do Programa de Sanidade dos Equídeos. Além de fazer o mapeamento de
todos os cavalos e éguas que estão em Pernambuco - a estimativa é que
existam pelo menos 350 mil desses animais -, a Adagro tem realizado o
cadastro das propriedades, o controle em eventos pecuários, exigindo
exames comprobatórios e também a fiscalização nas estradas. “É preciso
evitar o trânsito clandestino dos equídeos, só assim teremos um maior
controle sobre a doença”, disse o coordenador.
Marcelo Brasil alertou que os criadores que perceberem algum sintoma
como fraqueza e secreção nasal em seus animais devem procurar um dos 11
escritórios regionais da Adagro, qualquer um dos 46 escritórios locais
ou ainda os mais de 130 pontos de atendimento da agência espalhados pelo
Estado. “O exame é gratuito e fica pronto dentro de oito ou dez dias”,
disse. “Queremos, em menos de dez anos, erradicar essa doença do nosso
Estado. Para isso contamos com a ajuda dos criadores”, completou o
coordenador.
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