Folha de Pernambuco
Entrevistado pela apresentadora Marília Gabriela, no SBT, na madrugada
de ontem, o cantor Amado Batista comparou a tortura que sofreu durante a
ditadura militar a um “castigo de criança” e disse ainda que não achou
errada a postura dos repressores em tê-lo torturado. “Eu acho que quando
uma criança cospe na sua cara, chuta sua canela, o que o pai deve
fazer? Não deve corrigir? Então, eu estava fazendo a mesma coisa, que
não era uma coisa correta”, afirmou.
Em seguida, o cantor disse que considerou a tortura um bom corretivo.
Amado Batista afirmou ter sido torturado porque, na época, trabalhava em
uma livraria e permitia que professores procurados pelos militares
lessem livros proibidos naquele período. O cantor contou na entrevista
que tomou choque e foi ameaçado de morte. “Eu acho que eu não tinha de
estar contra, brigando contra o governo. O governo estava nos defendendo
de pessoas que estavam querendo tomar o País à força, com armas nas
mãos”.
A resposta do cantor causou espanto em Marília Gabriela. “Você está
louco, Amado?”, disse a apresentadora. “Você está louco. Você saiu
perdido, sofreu tortura física...”. “Mas eu estava errado”, respondeu.
“Eu acho que estava errado. Eu estava acobertando talvez pessoas que
estavam querendo tomar esse País à força”, reforçou o cantor. Amado
declarou que não vai acionar a Comissão da Verdade, instaurada desde
abril do ano passado para investigar os casos de repressão na ditadura
militar, para tentar encontrar quem o torturou. O cantor foi procurado
pela reportagem, mas não se pronunciou sobre suas declarações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário