Jornal do Commercio
O gigante alemão Graf Zeppelin aportava pela primeira vez em solo
pernambucano às 19h28 do dia 22 de maio de 1930. Quase 20 mil
admiradores compareceram ao Campo do Jiquiá, na Zona Oeste do Recife,
para assistir ao pouso do dirigível que cortava o céu, proveniente da
Sevilha, na Espanha. Do evento, 83 anos depois, além das fotos, resta a
torre de atração aeronáutica: a primeira estação para dirigíveis da
América do Sul e o único equipamento do tipo que resistiu aos efeitos do
tempo. Parte importante da história, que mal é conhecida pelo povo
recifense.
Recentemente restaurada, a chamada Torre do Zeppelin, a única no
mundo, está localizada no mesmo lugar em que foi erguida, no Campo do
Jiquiá, área de 54,5 hectares no centro de um conjunto de bairros –
Mustardinha, Jardim São Paulo, Estância, Areias, San Martin, Mangueira e
Jiquiá. Lá, ainda está parte das edificações das Casas de Gás, onde a
aeronave era reabastecida, e oito paióis, que guardavam as munições
utilizadas na Segunda Guerra Mundial. “É um lugar rico em história. No
entorno, futuramente, estará o Museu do Zeppelin, um planetário e tantos
outros espaços que contarão, com um rico acervo, a história do
dirigível”, explicou o restaurador e colecionador Jobson Figueiredo.
A primeira etapa da restauração levou quase seis meses para ser
concluída. “A torre estava muito enferrujada. Mas há pouco mais de um
mês o trabalho foi concluído”, contou Jobson. Ele coleciona objetos e
estuda a história do criador do dirigível, Ferdinand Graf Von Zeppelin, e
da criatura. “O Zeppelin não pousaria no Recife, de imediato. Mas o
capitão Lehhmann e o comandante Hugo Eckener preferiram adiar a chegada
ao Rio de Janeiro, o destino real, porque já era noite”, explicou.
O Campo do Jiquiá também foi o local do último voo do Zeppelin, nas
suas constantes travessias do Atlântico Sul, em 4 de maio de 1937. Por
lá, também passou o Hindenburg, semelhante ao Zeppelin, só que em
maiores dimensões. Foi assim que a capital pernambucana ganhou grande
importância no comércio direto, entre a América do Sul e a Europa.
Ainda na gestão do prefeito João Paulo (2001-2009), foi iniciada a
discussão sobre a preservação do Campo do Jiquiá. Em 2009, o projeto foi
levado para aprovação presidencial, que só veio ser assinada em 2011,
transformando o campo em Parque Científico e Cultural do Jiquiá. “Mas só
foi em 2012 que eu comecei a trabalhar na restauração da torre,
concluída há pouco. Na próxima semana, vou entregar os paióis, também
restaurados”, informou Jobson Figueiredo.
O projeto é uma parceria entre os governos federal, estadual e
municipal. “A obra é de extrema importância. Na Alemanha, se compram
cartões postais no Museu do Zeppelin, das fotos dele aqui no Recife.
Coisa que nossa cidade não tem”, lamentou Jobson.
Não há previsão de quando as obras do parque serão iniciadas. O
projeto executivo, que deveria ter sido entregue em novembro do ano
passado, não foi concluído por falta de verbas. “Precisamos de
aproximadamente R$ 50 mil, para concluirmos esta etapa. E só então que
vamos tentar captar recursos que serão aplicados na obra”, informou o
secretário-executivo de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife,
Gustavo Costa. “O dinheiro não foi liberado porque existe um cronograma
financeiro, que prioriza outras obras”, acrescentou.
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